Uma jovem casada de 21 anos,
extrovertida, amiga de flertar e algo imatura, mãe de um bebê, ao despertar de
uma apendicectomia, experimentou uma completa amnésia dos cinco anos prévios.
Aos 16 anos de idade, estivera brevemente inconsciente, após um acidente de
automóvel, e acreditava estar hospitalizada por causa desse acidente. Levada
para casa alguns dias depois da apendicectomia, não reconheceu o marido nem o
filhinho. Quando lhe disseram quem eram,
não contestou as suas identidades e limitou-se a dizer que eram
"simpáticos". Durante a convalescença, gostava muito de ler revistas
para adolescentes. A amnésia e a regressão de cinco anos foram reações a uma
situação imediata de tensão: o seu marido estava prestes a formar-se e a ocupar
um cargo na firma da família em sua cidade natal. Ela não queria deixar seu
círculo de amizades e temia viver sob os olhares vigilantes da sogra, uma
mulher muito dominante e severa. Pouco antes da intervenção cirúrgica, a sogra
viera ficar com a família da paciente, ajudando-a a aprontar as coisas para a
mudança. Criticara abertamente os hábitos de dona-de-casa da nora e a maneira
juvenil como se vestia. O episódio amnésico eliminou psicologicamente a
existência da sogra, pois se a paciente nunca tivesse casado não haveria sogra.
Tampouco haveria responsabilidades conjugais, nem um bebê de quem cuidar, ou
necessidade de abandonar os amigos; pelo contrário, poderia viver a existência
de uma adolescente, que correspondia à estrutura da sua personalidade. Contudo,
a amnésia dissipou-se rapidamente com um tratamento hipnótico, depois da
administração de Sódio Amital (Rosen e Gregory, 1965, pág. 241).
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